VINHO & CERVEJA

VINHO & CERVEJA

Um mergulho nas bebidas mais vendidas do Mercado

Tão antigas quanto à própria humanidade, estas duas bebidas – vinho e cerveja – estão entre as favoritas dos frequentadores do CADEG. Em franca expansão, elas conquistam cada dia mais admiradores. Gostar já é o primeiro passo, agora, que tal conhecer um pouco mais sobre estas delícias e saber como combiná-las de forma harmoniosa com as melhores receitas?

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VINHOS
A melhor maneira de aprender sobre vinhos é… bebendo vinho, claro! Provar uma variedade de bons vinhos é essencial. Entre uvas, misturas de castas, regiões, método e tempo de amadurecimento há um mundo de sabores e estilos para ser explorado. Algumas variações possuem diferenças óbvias e outras sutis quanto ao sabor e personalidade. Saboreie o vinho de maneira adequada! Não basta apenas dar um gole. Preste atenção, veja como ele se parece ou se comporta no copo, observe a cor, use a taça apropriada e cheire identificando os aromas. Não existe um vinho que agrade a todos da mesma maneira, pois cada pessoa tem suas preferências. Ao conhecer as suas você pode escolher melhor! Os vinhos possuem quatro componentes básicos: sabor, taninos, álcool e acidez. Quais apetece mais ao seu paladar? Você prefere taninos fortes ou súbitos? Qual a sua acidez e teor alcoólico? Experimente vinhos com diferentes tipos de alimentos, como frutas, queijos e carnes. Estude as uvas, vinicultura, a história do vinho, as regiões. Procure revistas especializadas. Visite diversas vinícolas, lojas de vinhos e degustações. Procure locais com uma carta de vinho requintada e experimente vinhos incomuns ou raros, combinados com a comida. Beba vinho em todos os ambientes onde possa saborear bebidas alcoólicas: restaurantes, piqueniques, bares, etc. Vinhos diferentes se adequam a locais e ocasiões diferentes; os espumantes para celebrações, os encorpados para ler um livro à noite. Deixe que seu paladar lhe sugira algo!
Para tornar suas melhores receitas ainda mais memoráveis preparamos um guia de harmonização básico que vai ajudá-lo a encontrar o vinho apropriado para a ocasião! Algumas regras básicas devem ser levadas em conta para que se possa apreciar o vinho em toda a plenitude. O paladar é bem pessoal, e alguns conceitos podem – e devem – ser inovados, mas com cuidado para que não resultem em grandes desastres! Rosados e espumantes acompanham qualquer prato de uma refeição. E se for servir vários vinhos, comece pelo mais leve e fraco, e termine com o mais forte e encorpado.

 

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CERVEJAS

Considerada por alguns até mais antiga que o vinho, a cerveja – especial e artesanal – vive hoje no Brasil um momento de glória. São muitas as microcervejarias surgindo no cenário nacional, e melhor ainda, produzindo excelentes cervejas, a ponto de receberem diversos prêmios internacionais. Mas antes de começar a falar sobre cerveja, é interessante defini-la para que não haja dúvidas sobre o que ela é: Cerveja é uma bebida alcoólica carbonatada, produzida através da fermentação de materiais com amido, principalmente cereais maltados como a cevada e o trigo. Seu preparo inclui água e algumas receitas levam ainda lúpulo e fermento, além de outros temperos, como frutas, ervas e outras plantas.
Dentro desta definição de cerveja encontram-se diversas variedades. Para poder descobrir qual o estilo que você mais gosta é importante conhecer e claro, beber!

LAGERS
São as cervejas mais consumidas no mundo. São cervejas de baixa fermentação ou fermentação a frio (de 6 a 12ºC), com graduação alcoólica geralmente entre 4 e 5%. Tem entre seus tipos mais conhecidos a Pilsener. São divididas ainda em PALE LAGERS caracterizada por um
lúpulo acentuado no aroma e sabor
– AMERICAN LAGER: cerveja leve e refrescante, feita para matar a sede e para serem bebidas bem geladas.
– PREMIUM LAGER: Um pouco mais lupuladas e mais maltadas que as Standard Lagers.
– HELLES LAGER: Outra variação com menos lúpulo, mais maltada, feita em Munique.

DARK LAGERS: Lagers escuras também são bastante comuns.
Três estilos são os mais comuns e facilmente encontrados aqui no Brasil
– MUNCHNER DUNKEL: Dunkel significa escura em alemão, portanto as cervejas Dunkel são cervejas escuras-avermelhadas, produzidas originalmente em Munique, por isso o nome Munchner. Possuem sabor maltado.
– DARK AMERICAN LAGER: Versão americana da Dunkel alemã, menos maltada e mais suave.
– SCHWARZBIER: A famosa cerveja preta. Deve ser preta e não somente escura como a Dunkel. É uma cerveja suave, com aromas que remetem ao café e ao chocolate. Também é fácil notar a presença de maltes tostados.
– MALZBIER: Cerveja escura e doce, de graduação alcoólica baixa, na faixa dos 3 a 4,5%.

VIENNA: De cor marrom avermelhada, tem corpo médio e um sabor suave e adocicado de malte levemente queimado. Graduação alcoólica entre 4,5 e 5,7%.

BOCK: Por tradição são avermelhadas, mas podem ser também de cor marrom. Possuem um complexo sabor maltado devido às misturas de maltes de Viena e Munique. A graduação alcoólica é alta, indo normalmente de 6% nas Bocks Tradicionais até 10% nas Doppelbock e 14% nas Eisbock, tipos diferentes de Bock.
MARZEN: Produzidas na Bavaria durante o mês de março (März em alemão) especialmente para a Oktoberfest, as Märzen podem ser claras ou escuras e ficam entre 4,8 a 5,6% de álcool. Também é chamada de Oktoberfestbier.

KELLER e ZWICKEL: São pouco comum, não são filtradas nem pasteurizadas Podem ser bem amarga e tem álcool médio.

MALT LIQUOR: Termo surgido nos Estados Unidos para classificar as lagers fortes que têm alto teor de álcool. Geralmente são licorosas no paladar e não muito amargas, pois em muitos casos nem levam lúpulo.

ALES
O que a difere das Lagers é o tipo de fermentação, que é feita em temperaturas mais altas. São cervejas de sabor complexo, maltado e lupulado, mais encorpadas e vigorosas.

PALE ALES: São as Ales claras, com graduação alcoólica até 6% e possuem alguns subtipos:
– AMERICAN PALE ALE: Designa as americanas mais claras
– ENGLISH PALE ALE: Também chamada de ENGLISH BITTER, ou BITTER, são um pouco mais amargas
– BELGIAN PALE ALE: As Ales claras belgas
– BELGIAN BLOND ALE: Algumas vezes chamadas de Golden Ale também, são as Pale Ales mais douradas e um pouco mais encorpadas
– INDIA PALE ALE: Ou somente IPA é uma cerveja carregada em lúpulo, criada pelos ingleses para aumentar o tempo de conservação da cerveja que seria levada para as viagens pela Índia. Varia na intensidade de amargor e percentual de álcool de acordo com o subtipo, da menor pra maior.

AMBER/BROWN E RED ALE: Diferenciando-se em coloração principalmente, mas também acompanhando em corpo e potência, estão algumas outras categorias de estilo:
– AMERICAN AMBER ALE: Classifica as Ales um pouco mais escuras
– AMERICAN BROWN ALE: Mais escura e maltada e menos lupulada que suas “irmãs” American Pale e Ambar Ale
– ENGLISH BROWN ALE: Denomina as inglesas mais escuras.
– RED ALE: Avermelhada devido ao uso de um pouco de malte tostado. Também chamada de IRISH RED na Irlanda.
ALTBIER: Segue o estilo antigo de produção de Ales, antes mesmo do surgimento das Lagers. É muitas vezes considerada uma ligação entre as cervejas Ales e as Lagers, por ser feita com fermento de Ale, porém fermentada em temperatura de Lagers.
SCOTCH ALE: Ales da escola escocesa, variando, principalmente em potência, entre Light, Heavy, Export e Strong.
SAISON: Feitas em Wallonia – Bélgica, as Saison chegam a ser comparadas a vinhos tintos devido à fermentação e sabores presentes em comum.
BIÈRE DE GARDE: Cerveja de guarda feita principalmente na França, na região de Pas-De-Calais, as Bière de Garde são feitas para durarem anos, normalmente têm uma última fermentação na garrafa e muitas vezes são vendidas em garrafas com rolhas.
STRONG ALES: Denominação genérica que inclui uma variada gama de cervejas que podem ser claras ou escuras. Possuem alto teor alcoólico, que vai de 6 e pode chegar a 12%.
BELGIAN STRONG ALES: Produzidas principalmente na Bélgica, estas possuem algumas características diferenciadas que as fazem cair em um agrupamento diferenciado.
– DUBBEL: Cerveja do tipo Ale na qual o mestre cervejeiro adiciona o dobro da quantidade de malte do que uma cerveja “comum”. Geralmente balanceadas e de teor alcoólico mediano, possuem bom corpo e carbonatação alta
– TRIPEL: Cerveja na qual se adiciona três vezes mais malte do que em uma cerveja “comum”. Possuem, em geral, coloração amarelo-dourado, creme denso e consistente e a graduação alcoólica girará entre 8 a 12%. Aroma e sabor são complexos, macios e com forte presença de frutas o que, às vezes, pode lhe conferir um paladar adocicado. Excelente equilíbrio entre o lúpulo e o fermento utilizado no fabrico.
– ABT/QUADRUPEL: São cervejas mais escuras e mais ricas, utilizando o quádruplo de malte do que em uma cerveja “comum”. O volume de álcool é sempre forte, muitas vezes ultrapassando os 10%.
– GOLDEN STRONG ALE: São as loiras mais fortes e encorpadas, até 10,5% de álcool, com coloração amarelo-dourado e sabor frutado.
– DARK STRONG ALE: São as Belgian Ales escuras, fortes e encorpadas. Essa categoria tem cervejas que chegam a 11% de álcool.

BELGIAN SPECIALTY ALE: São as temperadas só que belgas. Também entram aquelas belgas que, por um motivo ou outro, não se encaixam dentro de nenhuma outra categoria.
KÖLSCH: Do berço alemão de cervejas e de coloração dourada, é normalmente mais doce e com menos lúpulo que as suas irmãs. Em muitas receitas leva vários grãos, inclusive trigo. Pela regra, somente cervejas feitas em Köln (Colônia) poderiam levar o nome Kölsch, assim como ocorre com o Champagne.
WEISSBIER: (Weizenbier, Wheat Beer ou Cerveja de Trigo) Produzida principalmente pelas grandes cervejarias alemãs é uma cerveja feita à base de trigo e característica do sul da Alemanha, região da Baviera. São cervejas claras e opacas, onde sobressai o trigo com o qual foram produzidas, bem como sabores frutados (banana e maçã), cravo e florais. Bastante refrescantes e de graduação alcoólica moderada (entre 5 e 6%), são opacas e normalmente não filtradas. Produzem, em geral, um creme denso e persistente.
– HEFEWEIZEN: De cor amarelada-marrom opaca, pois a levedura não é filtrada.
– KRISTALLWEIZEN: De cor clara e transparente, leve na degustação. Normalmente é filtrada, não tendo adição de levedura diretamente na garrafa.
– DUNKELWEIZEN ou HEFEWEISSBIER DUNKEL: Cerveja de trigo escura, de gosto mais forte.
– WEIZENSTARCKBIER ou WEIZENBOCK: Cerveja tipo bock com uma graduação alcoólica entre 5% e 12.
– BERLINER WEISSE ou BERLIN WHITE: De graduação alcoólica entre 2 e 4% e de cor amarelada e opaca.
– WITBIER (BELGIAN WHITE): Esbranquiçadas devido às leveduras e ao trigo suspenso. Possui um toque cítrico de laranja, já que a casca da fruta é usada como complemento ao lúpulo. Também leva “coriander”, conhecido por nós como semente de coentro.
– BIÈRE BLANCHE ou BLANCHE: Apenas o nome em francês para as cervejas de trigo
– RUSS: Cerveja de trigo com acréscimo de suco de limão
STOUT: Cervejas negras opacas, dotadas de forte sabor de chocolate, café e malte torrado, pouca carbonatação. Possui alto teor alcoólico, variando de 8 a 12%.
– Dry Stout
– Sweet Stout
– Oatmeal Stout
– Foreign Extra Stout
– American Stout
– Russian Imperial Stout
PORTER: Muito confundida com as Stouts, a Porter é uma cerveja mais suave que sua parente Stout, normalmente com 1 a 2% a menos de álcool.
LAMBIC: A maioria dos especialistas classifica as cervejas do tipo Lambic como uma terceira categoria, em separado das Lager e Ale, por causa do seu tipo de fermentação, que é espontânea. São feitas de trigo, porém não são adicionadas leveduras no mosto, ficando a fermentação a cargo dos agentes naturais, os quais são encontrados somente numa pequena área ao redor de Bruxelas. Daí a dificuldade em encontrá-las, bem como o seu preço elevado. Trata-se de um tipo muito peculiar de cerveja, dotada de uma gama extremamente numerosa de aromas. É o tipo mais antigo de cerveja feito no mundo!
OUTRAS NOMENCLATURAS
TRAPISTAS: Não são consideradas propriamente um estilo único, pois algumas são Dubbel, Tripel ou Quadrupel. Todavia, dado o fato de algumas cervejas trapistas serem consideradas as melhores do mundo por inúmeros especialistas, merecem ser “separadas” das outras. A Ordem Trapista é uma congregação religiosa católica. As cervejas, fabricadas em pequenas quantidades no interior dos mosteiros muitas vezes são difíceis de ser encontradas no mercado, já que os monges não as comercializam com o propósito do lucro, mas apenas para manter o funcionamento da própria abadia e alguns serviços de caridade. Atualmente, a ITA (International Trappist Association), possui como membros apenas sete abadias trapistas, seis na Bélgica (Westvleteren, Chimay, Orval, Achel, Wesmalle e Rochefort) e uma na Holanda (Koningshoeven, onde são fabricadas as cervejas La Trappe). Algumas cervejas trapistas possuem tempo de guarda de mais de 10 anos!

ABBEY: Também não são consideradas um estilo e não possuem origem controlada. Podem ser produzidas em grandes fábricas e comercializadas normalmente, desde que a sua receita original tenha sido originária de uma abadia, a qual pode ou não ser da ordem trapista.

RAUCHBIER: Literalmente, cerveja defumada. Pode ser de vários estilos, como Marzen e Weizen, desde que usem maltes defumados no seu preparo. Acompanham muito bem charutos e cachimbos, por motivos óbvios.

FRUIT BEER: Qualquer estilo de cerveja misturado com frutas ou suco de frutas.

TEMPERADAS: São cervejas de qualquer estilo que acabam não se enquadrando no mesmo, pois são temperadas com especiarias, ervas e vegetais, alterando a fórmula e fazendo-as fugir das características padrão de cada estilo.

CHOPE: Também chamado Chopp, vem da palavra alemã Schoppe, nome de uma caneca de quase meio litro. É nada mais do que uma cerveja não pasteurizada.

A harmonização de cervejas é bem menos complicada que a de vinhos, não tem mistério, não tem frescura. Para começo de conversa, ela nem é necessária: é possível saborear todo tipo de cerveja com qualquer prato. Mas, mesmo não sendo necessária, conseguir harmonizar os dois resulta em uma experiência singular. Até para os olfatos e paladares menos treinados, combinar cerveja é fácil, graças aos sabores que são bem evidentes. Esse “casamento” pode ser feito de duas maneiras: Por contraste – no caso de um petisco gorduroso com uma cerveja mais amarga e mais ácida, como a Pilsen tradicional – e por semelhança ou similaridade – quando uma carne com sabor predominante, forte, como a de cordeiro, é apreciada com uma cerveja de alto teor alcoólico e sabor também intenso, como a Red Ale. Para conseguir fazer essas combinações basta entender algumas características das cervejas. O tipo de malte é que influencia na intensidade do sabor, a quantidade de lúpulo é o que dá amargor à cerveja e o teor alcoólico. Particularmente o teor alcoólico é uma característica que deve ser levada em consideração, pois equilibrar o índice alcoólico da cerveja com o teor de gordura da comida é um bom caminho pra uma harmonização certeira. No final das contas harmonização de cervejas é uma excelente oportunidade para juntar os amigos e provar várias combinações! Estudiosos da bebida, profissionais da área e adoradores já experientes testaram algumas harmonizações e fazem em blogs e
livros sugestões.

 

Texto: Thaty Magnavita

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